quinta-feira, 28 de junho de 2007

De um canto Só


Cantar


cante ao som do mar,

mas cante de um azul todo seu.

desse calor, é alma. desse frio, é calma.

tao ordenada e louca, a tua palavra dentre tantas é rouca...


vinda da mente, expelida pelo pulmao,

ao corte de tua mao, fica exposta.

e sangra tao cedo,

que do ceu, o clarao devia clarea-la, de um sol azul.


ao sul, teu corpo vive calafrios

e a noite te esconde tao negra...

que teus lábios tecem um novo dia

cheio do palavrear curvo de tua mente.


férias de um outro corpo, são dias de nova mente.

certo, errado, errado, certo.

nossas mentes recriam um passado convencionado

na cor branca de uma onda amoral.


e eu curto ao longo passar longinquo de meu corpo preso a tua alma...

(Daniel de Lima Fraiha - 28/06/2007)



"Minha terra tem palmeiras,

Onde canta o Sabiá;

As aves, que aqui gorjeiam,

Não gorjeiam como lá."


(Canção do exílio - Gonçalves Dias)


quinta-feira, 7 de junho de 2007

Valeu a pena?Tudo vale a pena se a alma não é pequena


Mar português

ó mar salgado, quanto de teu sal
são lágrimas de Portugal
por te cruzarmos, quantas mães choraram,
quantos filhos em vão rezaram,
quantas noivas ficaram por casar
para que fosses nosso, ó mar!

Valeu a pena? Tudo vale a pena
se a alma não é pequena.
quem quer passar além do bojador
tem que passar além da dor.
Deus, ao mar o perigo e o abismo deu
mas nele espelhou o céu
(Fernando Pessoa)

É curto...

o tempo é tão estranho... ora passa rápido, ora mais ainda.
o ano também é curto, às vezes menor que um segundo,
aquele segundo...

E os corvos continuam andando sem pedir licença
e sem se identificar, sem ao menos saberem quem são
sem identidade ou idade, maculados pela infelicidade
deste curto ano longo.

sem ao menos saber de um segundo outro
sem ao menos pensar num pedido outro
sem olhos...
retinas brancas, não piscam nem vêem.

pupilas dilatadas,
janelas fechadas
num escancarar cego.

e vai, e volta, e anda, e corre,
e bate, e anda e anda e anda...
e não vê e não sente e não toca e não ouve e não prova
e não sai do lugar...

enquanto eu vôo por ai, para longe da boiada
perto do mar, longe do corpo,
perto da alma, etérea da vida temporal
e... que delícia esse gosto de vento...

(07/06/2007 - Daniel de Lima Fraiha)

Pensamento inocente

O vento andava forte, e o pensamento vinha descendo a rua quando, de repente, um poste passou correndo sem iluminá-lo. e o pensamento pôs-se a pensar por que o poste teria passado sem lhe dar ao menos uma piscadela.
voltou para casa encucado com aquele poste inusitado e no caminho encontrou uma lâmpada quebrada que lhe disse:
- ei! seu pensamento! me dê uma ajuda.
E o pensamento, prontamente disse - mas o que houve?
- ah, sabe , er...er. é que eu cai nessa correria.
Enquanto ajudava a lâmpada a se recuperar, o pensamento pensou alto
-Talvez, se iluminasse por onde passa não caisse.
E no que a lâmpada acendeu, subiu ao poste que vinha correndo e já de costas para o pensamento, respondeu:
- Mas se eu ver o chão vou acabar parando, e querendo cair para sempre.
Foi então que o pensamento percebeu que alguns postes preferem apagar e andar no escuro, pois não aguentam ver a verdadeira cor do chão...

(07/06/2007 - Daniel de Lima Fraiha)