terça-feira, 13 de novembro de 2007

Segunda...



Segunda...


Hoje faz sol lá fora,

Faz um sol forte, claro, azul...

Aqui dentro chove.

Forte.


Ando tão sem dias e os dias já tão sem mim...

Por que o sol insiste em parar na janela?

É dia de chuva, eu escrevo.

Fosse um dia de sol eu sorria.


Não, não sou melancólico...

Mas hoje é segunda...

Haja sol! Haja chuva!

Hoje é segunda...


Se da janela não vem o sol,

Que venha teu sorriso!

Essa tua luz inunda qualquer segunda,

E aí sim, aqui dentro fará sol!

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

CONCURSO CULTURAL “CRÔNICA DO LEITOR”.

OBJETIVO: ESCREVER O FINAL DA CRÔNICA INICIADA PELO CRONISTA JOÃO PAULO CUENCA

O Segredo da Joaquim Silva

Por João Paulo Cuenca

É noite e é a Lapa. Do outro lado da rua, a Nossa Senhora do Carmo da Lapa do Desterro nos guarda como um vigia gordo e cego. Capenga de uma torre, fachada opaca, a igreja por dentro é um bolo azul e dourado do século XVIII, com cristo envidraçado à esquerda do altar, uma ostra gigantesca por trás do padre que, baixinho, deita o último sermão do dia: “não busquemos entre os mortos quem está vivo...” A sua frente, cocurutos grisalhos ajoelham-se no solo.

Onde estou, não sinto o cheiro de mármore frio ou o conforto da palavra. Aqui, no Largo Nelson Gonçalves, há o ganido da freada dos ônibus, o papo dos engravatados esperando o concerto na porta da Cecília Meireles. Mendigos aliviam-se nas raízes das palmeiras anãs que encobrem o mural pintado da escola de música. Ao longe, por trás dos Arcos, a luz esverdeada e indiferente dos arranha-céus de granito flutua sobre nós.

Resolvo subir o beco entre o Ernesto e a Cecília. Vejo aquele mural na parede com João do Rio, Villa-Lobos, Manuel Bandeira, Noel Rosa, Portinari e Di Cavalcanti. Gostaria de convidá-los prum chope ali na Flor de Coimbra. Procuro nos bolsos, giro o periscópio pelas outras paredes do beco e da Lapa – não os encontro.

Agora o desenho dos mortos dá espaço a graffitis, e, já na Joaquim Silva, frases como “Hexa Lapa”, “Brasil is beautiful” e, com destaque, “As noivinhas da Lapa são chapa quente”. Das janelas dos sobrados, chega o som abafado de atabaques e máquinas de escrever. Um carro de lixo passa pela rua, risca faixas rubras pelas janelas em círculo com sua luz de ambulância e desaparece, no passo lento de um rinoceronte de metal.

É quando uma nuvem de gafanhotos traz, pela escadaria da Manuel Carneiro, um senhor barbudo, sujo de graxa, erguendo trapos sobre o esqueleto pontudo. O velho me encara com olhos vidrados, a careca reluzindo o amarelo dos postes, e, com gestos de lorde britânico, aponta para a porta de uma pensão: “Ali dentro, você precisa ver!”. Sigo seus passos e...[AQUI COMEÇA A MINHA PARTE]ao ranger das dobradiças a porta se abre lentamente, o assovio de meus olhos é de espanto. Não via nada.

“Veja como é linda essa vela, tão alva e cintilante!” aponta para o nada o velho emendando “Eu a chamo de felicidade.”. A escuridão do corredor me fazia pensar em como deveria ser a vela, ou como deveria ser a felicidade. O velho dizia ser “alva e cintilante”.

Tinha vindo novo ainda para o Rio, viera com a mãe e as irmãs aos sete anos. Sua mãe morrera de tuberculose e ele se perdera alguns anos depois, não mais tendo visto as irmãs, “Mas sou dono dessa vela linda que você pode ver!” terminava sua história com um largo sorriso sem dentes. Sem dentes e cintilante.

Eu ficara mudo. Em momentos em que pensava em quantos papéis ainda tinha para ler e estudar eu não mais pensava em quantos dentes tinha. Agora aquele sorriso cintilava e me ardia os olhos, que pareciam ter se fechado por anos; aquela luz me cegava.

Em meio às palavras misturadas e confusas do velho, eu sentia o corredor mais claro, meus olhos se acostumavam aos poucos com a escuridão. Tirei um sanduíche embrulhado do bolso e partilhei com ele. Enquanto ele mordia o pão as migalhas voavam, e a cada pedaço engolido era um sorriso claro.

Eu já terminara o sanduíche, mas a fome ainda era enorme, parecia não comer há anos. Ao terminar a sua parte o velho se virou para mim e, junto ao largo sorriso, me abraçou fortemente. Abracei-o de volta enquanto uma lágrima escorria por meu rosto. Sentia-me como uma criança indefesa que a mãe pegava no colo, me sentia protegido do mal, protegido do mundo.
Após o longo abraço ele me olhou nos olhos e ao piscar dos meus ele não estava mais lá, me virei para a outra extremidade do corredor e uma luz fortíssima me cegou por alguns segundos; quando pude ver a fonte que me queimava os olhos, notei-a. Uma linda vela, alva e cintilante. Olhei-a por alguns segundos e saí. A luz da rua parecia a escuridão da noite, fechei os olhos e andei pelas ruas, como antes da vela, cego.

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

BEIJO DA MORTE


O beijo do teu último sol nos queimou,

A rosa de um dia claro desabrochou e

A lágrima que escorre em teu rosto

Ao encontrar teus lábios

Arde a queimadura de teu sol

E se ajunta em poças formadas onde

Os espinhos de tua rosa passaram

E deixaram a marca de um

Inocente nascer transmutado num

Aterrado morrer.

segunda-feira, 16 de julho de 2007

JULGAMENTOS


JULGAMENTOS

Havia numa aldeia um velho muito pobre que possuía um lindo cavalo branco. Numa manhã ele descobriu que o cavalo não estava na cocheira.

Os amigos disseram ao velho: - Mas que desgraça, seu cavalo foi roubado!

E o velho respondeu: - Calma, não cheguem a tanto. Simplesmente digam que o cavalo não está mais na cocheira. O resto é julgamento de vocês.

As pessoas riram do velho. Quinze dias depois, de repente, o cavalo voltou.Ele havia fugido para a floresta. E não apenas isso; ele trouxera uma dúzia de cavalos selvagens consigo.Novamente as pessoas se reuniram e disseram:

- Velho, você tinha razão. Não era mesmo uma desgraça,e sim uma benção.

E o velho disse:

- Vocês estão se precipitando de novo. Quem pode dizer se é uma benção ou não? Apenas digam que o cavalo está de volta...

O velho tinha um único filho que começou a treinar os cavalos selvagens. Apenas uma semana mais tarde, ele caiu de um dos cavalos e fraturou as pernas. As pessoas se reuniram e, mais uma vez, se puseram a julgar:

- E não é que você tinha razão, velho? Foi uma desgraçaseu único filho perder o uso das duas pernas.

E o velho disse:

- Mas vocês estão obcecados por julgamentos, hein? Nãose adiantem tanto. Digam apenas que meu filho fraturou as pernas. Ninguém sabe ainda se isso é uma desgraça ou uma bênção...

Aconteceu que, depois de algumas semanas, o país entrou em guerra e todos os jovens da aldeia foram obrigados a se alistar,menos o filho do velho. E os que foram pra guerra, morreram ...


"Quem é obcecado por julgar, cai sempre na armadilha de basear seu julgamento em pequenos fragmentos de informação, o que o levará conclusões precipitadas. Nunca encerre uma questão de forma definitiva, pois quando um caminho termina, outro começa, quando uma porta se fecha outra se abre... " Pense nisso......

(autor desconhecido)


"quase tudo é passageiro, o resto é amizade"


Julgamento e Amizade


Outro dia um tal de Julgamento bateu na cidade da Amizade e foi a maior confusão. Ele chegou achando que era o tal, que fazia e acontecia... quando deu de cara com o prefeito foi um encontrão respeitável.

O prefeito sem nem pensar deu-lhe um murro na cara que o fez cair para trás, meio atordoado o Julgamento se levantou e ameaçou correr para o banco, de pistola em riste e pensamento quadrado, partiu atirando numa mira incalculada e acertou inocentes, destruiu fachadas e causou enormes prejuízos à Amizade.

A cidade, que sempre viva cheia de alegria, passou por tempos sombrios e de reconstrução em meio a poeira levantada pelo Julgamento, foram tempos quietos externamente e irriquietos internamente, mas as pessoas seguiram de um olhar desatento.

O Julgamento até hoje não voltou à cidade Amizade, e por lá reina a alegria e paz anterior, os tempos de turbulência já se foram.

Mas na entrada da cidade Amizade jaz uma enorme foto do Julgamento onde se lê "este indivíduo está eternamente proibido de entrar nesta cidade, independente de como se locomova, seja de trem, de carro, de ônibus, de avião, pensamento, fala, escrita ou grito; sendo este um grande risco à integridade da Amizade".


(Daniel de Lima Fraiha – 16/07/2007)

quinta-feira, 28 de junho de 2007

De um canto Só


Cantar


cante ao som do mar,

mas cante de um azul todo seu.

desse calor, é alma. desse frio, é calma.

tao ordenada e louca, a tua palavra dentre tantas é rouca...


vinda da mente, expelida pelo pulmao,

ao corte de tua mao, fica exposta.

e sangra tao cedo,

que do ceu, o clarao devia clarea-la, de um sol azul.


ao sul, teu corpo vive calafrios

e a noite te esconde tao negra...

que teus lábios tecem um novo dia

cheio do palavrear curvo de tua mente.


férias de um outro corpo, são dias de nova mente.

certo, errado, errado, certo.

nossas mentes recriam um passado convencionado

na cor branca de uma onda amoral.


e eu curto ao longo passar longinquo de meu corpo preso a tua alma...

(Daniel de Lima Fraiha - 28/06/2007)



"Minha terra tem palmeiras,

Onde canta o Sabiá;

As aves, que aqui gorjeiam,

Não gorjeiam como lá."


(Canção do exílio - Gonçalves Dias)


quinta-feira, 7 de junho de 2007

Valeu a pena?Tudo vale a pena se a alma não é pequena


Mar português

ó mar salgado, quanto de teu sal
são lágrimas de Portugal
por te cruzarmos, quantas mães choraram,
quantos filhos em vão rezaram,
quantas noivas ficaram por casar
para que fosses nosso, ó mar!

Valeu a pena? Tudo vale a pena
se a alma não é pequena.
quem quer passar além do bojador
tem que passar além da dor.
Deus, ao mar o perigo e o abismo deu
mas nele espelhou o céu
(Fernando Pessoa)

É curto...

o tempo é tão estranho... ora passa rápido, ora mais ainda.
o ano também é curto, às vezes menor que um segundo,
aquele segundo...

E os corvos continuam andando sem pedir licença
e sem se identificar, sem ao menos saberem quem são
sem identidade ou idade, maculados pela infelicidade
deste curto ano longo.

sem ao menos saber de um segundo outro
sem ao menos pensar num pedido outro
sem olhos...
retinas brancas, não piscam nem vêem.

pupilas dilatadas,
janelas fechadas
num escancarar cego.

e vai, e volta, e anda, e corre,
e bate, e anda e anda e anda...
e não vê e não sente e não toca e não ouve e não prova
e não sai do lugar...

enquanto eu vôo por ai, para longe da boiada
perto do mar, longe do corpo,
perto da alma, etérea da vida temporal
e... que delícia esse gosto de vento...

(07/06/2007 - Daniel de Lima Fraiha)

Pensamento inocente

O vento andava forte, e o pensamento vinha descendo a rua quando, de repente, um poste passou correndo sem iluminá-lo. e o pensamento pôs-se a pensar por que o poste teria passado sem lhe dar ao menos uma piscadela.
voltou para casa encucado com aquele poste inusitado e no caminho encontrou uma lâmpada quebrada que lhe disse:
- ei! seu pensamento! me dê uma ajuda.
E o pensamento, prontamente disse - mas o que houve?
- ah, sabe , er...er. é que eu cai nessa correria.
Enquanto ajudava a lâmpada a se recuperar, o pensamento pensou alto
-Talvez, se iluminasse por onde passa não caisse.
E no que a lâmpada acendeu, subiu ao poste que vinha correndo e já de costas para o pensamento, respondeu:
- Mas se eu ver o chão vou acabar parando, e querendo cair para sempre.
Foi então que o pensamento percebeu que alguns postes preferem apagar e andar no escuro, pois não aguentam ver a verdadeira cor do chão...

(07/06/2007 - Daniel de Lima Fraiha)


sexta-feira, 27 de abril de 2007



UM SORRISO


De um canto escuro me vem a luz,
... de teu canto e encanto...
Num passe de cura me desencanto
Que é isso???
Um pulo? Um beijo? Um surto?
Um sorriso...
Uma lua minguante...
Que do céu de teu rosto nos dá o dia
E do dia faz as estrelas mais belas
Que seus olhos poderiam me fazer perdido
Num anoitecer interminável, iludido...
Inebriado, embriagado com a luz.
De tão curta, infinita.
De tão longa, imortal.
IMORAL,
Desterra-me, sem culpa e sem glória.
Claro, imortal, infinito, fico...
E caio outra vez, na ilusão,
De teu coração sorrindo,
E levando meus pensamentos para longe,
Muito longe, da luz...
E me perco...
No Sol, me perco...Junto de teus lábios alcoólicos...

Daniel de Lima Fraiha - 27/04/2007

sexta-feira, 16 de março de 2007


Nado sincronizado

Quando acordei, me lembro,
vi um peixe.

Nadava no profundo,
azulava o marulhar.
Olhava ao longe.
Não via...

Sim, me lembro.
De quando em quando parava,
ponderava
...
Continuava.

Sequer pensava,
Seguia a corrente...
Junto a tantos outros,
Nadava sozinho.

De quando em quando parava,
Ponderava
...
Olhava e não via.
Continuava.

Junto a todos outros,
nadava sozinho.

Seguia em sincronia,
Sem pensar,
Sem sentir,
Seguia a corrente.

Quando acordei, me lembro,
Vi um peixe.

Um peixe quando acorda,
Vê a mim.

Junto a tantos outros,
Nadando sozinho.
(15/03/2007 - Daniel de Lima Fraiha)

sexta-feira, 2 de março de 2007

Mar e vestibular


"ter um motivo pra sonhar,
ter um sonho todo azul,
azul da cor do mar"

(azul da cor do mar - tim maia)



talvez não seja tão azul assim, mas esse ano o sonho da maioria de nós é passar no vestibular, independente dos outros sonhos, temos essa prova q nos espreme na parede, nos afoga nas incertezas, mas e ai?! qual a saida?

se tivesse uma resposta, sem ser a de que pode-se mudar o sistema, e que fosse simples, eu estaria rico sendo consultor. o q acho, é q nao adianta a gente ficar se estressando, como se fossem contas a pagar no fim do mes, a coisa mais simples a se fazer (in my opinion) é relaxar. Estudar lógico, mas assim, continuar tendo vida social. o prazer e o ócio, são, em alguns momentos, aprendizados muito importantes para a vida e o cotidiano.

dá pra conciliar estudo e prazer? lógico! todos sabem disso, é como um bolo, se naum tiver um ingrediente, por mais q vc encha de outro, naum da pra substituir, a massa vai sair errada.

de bolo eu num entendo nada, na real, mas espero q pro meu vestibular, a receita funcione.




essa parada de blog é mó doideira...a gente viaja aki, mas ate q é interessante.


Mar

Imensidão é coisa grande,
não é pra pouco peixe.
Que fazer com todo esse azul?

Não serei eu quem dirá,
nem tu.
Cada mente mente,
pelo subconsciente.

Talvez um dia perceba
eu, tu, que fomos enganados.
Ninguém sabe,
mas desconfio eu
dos tubarões.

(02/03/2007 - Daniel de Lima Fraiha)